COMPLEXO DE CULPA
Antes de entrar no mérito do complexo de culpa, é interessante saber o
que é “complexo” para a psicologia.
Complexo é um conjunto de reflexos, podendo ser positivos ou negativos,
que venha determinar um padrão de comportamento, idéias, imagens, pensamentos
ou sentimentos. No conhecimento vulgar, complexo tem sempre um cunho
pejorativo, com reflexos de superioridade ou inferioridade.
O Complexo de culpa nasce na reação psicológica contra a um impulso “às
vezes” necessários, mas negados e condenados, podendo chegar a nível da
irracionalidade, obsessivo, dando um viés patológico.
É também, uma reavaliação de um comportamento reprovado. Um exemplo
prático: ao educar os filhos e exigir-lhes atitudes, passam em determinado
momento, a odiar, até agredir (física/verbalmente), para em seguida se
arrependerem, e se sentirem culpados pelo ato irracional.
Portanto, falar de complexo de culpa tem uma noção nitidamente de
universalização, de autocensura, pois, todos em algum momento da vida se
arrependem e se culpa por algo que tenha feito e prejudicado alguém, ou mesmo
uma omissão de algo importante.
Esse sentimento é um entrave à liberdade e a felicidade, pois, cria uma
pendência emocional, há algo mal resolvido, ou não resolvido no passado, como a
frustração, magoa, revolta.
Esse sentimento pode levar a um processo masoquista, ou seja,
autopunição, ”desejo” de sofrer para pagar e satisfazer a culpa, um processo
compensatório.
Lembr ando que o ser humano é o
resultado de uma carga genética somado ao meio ambiente, sua atitude e valores
serão resultados da formação recebida e de sua construção por toda vida, o
legado recebido de gerações anteriores, sempre irão nortear e direcionar o
comportamento psicossocial.
Os conceitos religiosos se calcaram no complexo de culpa para exercitar o
domínio das consciências. Ou seja, os deuses estão sempre nos avaliando
negativamente, pela transgressão ou por ultrapassar o tabu (dogma - norma
religiosa),
Pode-se afirmar que não haveria religião sem o complexo de culpa, pois,
esta se serve para doutrinar (dominar) o ser humano, para que ele se torne mais
dócil, serve também, para castrar e dominá-lo, nasce, então, o vigoro “pecado”.
O passado foi construído sobr e
a culpa, as gerações se sucedem recebendo o patrimônio histórico das gerações
passadas, isso faz com que sempre haverá o aumento da culpa, ou seja, da
autopunição e às vezes condenação da própria vida, lembr emos
do “pecado capital”, que mesmo antes do nascer já condenaram aquele que viria a
ser. Também chamado “pecado adâmico”, que teria sido o primeiro ser humano a
cometer pecado “o de amar”, e com isso, condenando a toda humanidade, pelo
pecado original.
A culpa além de aprisionar a liberdade, a criação, faz com que a
humanidade esteja sempre calcada na salvação pela ação compensatória, muitas
vezes, artificiais, sem o sentir realmente, nessa esteira de esperança nasceu o
céu, o purgatório e o inferno religioso.
Encarar a vida com todas suas vicissitudes e limites, não é tarefa fácil,
pelo contrário, há muito de frustração e mágoas a serem resignificadas, mas é o
único caminho possível de evolução, crescer sem culpa exige reavaliação de toda
uma cultura imanente recebida.
Gostei muito da leitura, apresentada aqui.
ResponderExcluirSerá que todos os pais, se sentem culpados em algum momento da sua existência, em algo absurdamente violento na criação de seus filhos?
ResponderExcluirMe faltou entendimento para pecado adamico? Pode ser mais esclarecedor?
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